HOMEM DE GUERRA (Men of War, 1994) | REVIEW

Por Marlos Capone

Nick Gunar (Dolph Lundgren, de FUGA MORTAL) é um ex-mercenário deprimido e atormentado que é procurado por dois sócios de uma empresa que querem contratá-lo para uma missão cujo objetivo é forçar os nativos de uma ilha do sul do Mar da China a ceder os direitos de exploração dos recursos minerais do lugar. Sem nenhuma perspectiva de outra carreira profissional e a beira do alcoolismo, Nick decide aceitar o trabalho e reúne um time formado por antigos companheiros de farda, a maioria passando pelas mesmas dificuldades pra se ajustar a vida civil. Chegando à ilha, os mercenários logo percebem que o conselho tribal não pretende assinar os documentos de exploração de forma amigável e que terão que recorrer a violência. Sem querer tomar parte na chacina de civis inocentes, Nick toma uma decisão que vai colocá-lo em guerra contra seus ex-companheiros.

Quinze anos de antes de OS MERCENÁRIOS, Dolph Lundgren estrelou esta competente produção sobre os chamados “soldados da fortuna”. Originalmente, HOMEM DE GUERRA foi roteirizado no final dos anos 80 pelo premiado John Sayle (indicado ao Oscar por LONE STAR – ESTRELA SOLITÁRIA e TUDO PELA VIDA) e seria dirigido pelo igualmente consagrado John Frankenheimer (RONIN). Nota-se a contribuição de Sayles ao perceber que o filme não está interessado apenas em enfileirar sequências de ação. Os diálogos, a dinâmica entre personagens e a criação de uma atmosfera crescente de tensão é um diferencial em HOMEM DE GUERRA. Na versão original do roteiro, que na época tinha o título provisório de A SAFE PLACE (UM LOCAL SEGURO), o filme só teria ação no último ato. Na minha modesta opinião, um dos grandes méritos de HOMEM DE GUERRA é fazer o público se importar com os personagens.

Alguns anos depois, Dolph Lundgren foi associado ao projeto e os produtores exigiram que parte do roteiro fosse reescrito pela dupla Ethan Reiff e Cyrus Voris (CONTOS DA CRIPTA – OS DEMÔNIOS DA NOITE) para adicionar mais ação e humor. Ludgren modificou a nacionalidade de seu personagem, que no início seria americano, pra sueco, com a intenção de homenagear seu país natal. A direção ficou a cargo do novato Perry Lang, que também faz um pequeno papel no filme.

Em relação a produção, o filme se destaca pelas belíssimas locações na Tailândia, valorizadas pela direção de fotografia de Rhon Schmidt. Outro ponto positivo é a trilha sonora assinada por Gerald Gouriet.

Quanto a ação, o grande destaque aqui é a luta final entre Lundgren e o vilão psicopata vivido pelo ator Trevor Goddard (MORTAL KOMBAT). A cena é brutal e muito bem coreografada. Outro rosto facilmente reconhecido pelos fãs de cinema- macho é do gigantesco Tommy Tiny Lister (“Soldado Universal“). Pena que ele é sub-aproveitado no filme. A grande surpresa é a mercenária marrenta interpretada pela gostosinha Catherine Bell (O TRIÂNGULO), capaz de detonar com tiros de metralhadora e lança-foguetes os  vilões que passam o tempo todo ameaçando estuprá-la e matá-la (não exatamente nessa ordem), mas que ao mesmo tempo esconde um lado frágil de sua personalidade e não abre mão de sua feminilidade. De resto as sequências de ação são eficientes, porém não diferem muito do que a gente cansa de ver em outras produções do gênero com orçamento mediano. No elenco ainda estão Kevin Thige (MATADOR DE ALUGUEL), Charlotte Lewis (O RAPTO DO MENINO DOURADO) e o ótimo BD Wong (MOMENTO CRÍTICO).

No saldo geral, HOMEM DE GUERRA é um ótimo entretenimento e o último bom filme da primeira fase da carreira de Dolph Lundgren.

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